Eriberto Leão - 6 September 2013 - globo.com

TITLE: NITERÓI RECEBE JIM MORRISON DE ERIBERTO LEÃO : MUSICAL COM O ATOR ENTRA EM CARTAZ NA CIDADE NESTE FIM DE SEMANA
AUTHOR: ADALBERTO NETO
PUBLISHED: 6 SEPTEMBER 2013
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NITERÓI - Jim Morrison está vivo. É o que parece quando se vê Eriberto Leão caracterizado como o vocalista da banda The Doors que morreu em 1971, aos 27 anos. O público de Niterói vai poder tirar suas próprias conclusões a partir de hoje. Neste fim de semana e no próximo, o ator entra em cartaz, no Teatro Abel, com o musical “Jim”, escrito por Walter Daguerre e dirigido por Paulo de Moraes.


VÍDEO O Jim Morrison de Eriberto Leão


Quem pensa que a vinda do espetáculo para a cidade se deve à proximidade com o Rio, onde o ator mora, está enganado. A escolha de montar “Jim” em Niterói, segundo Leão, tem tudo a ver com a cultura rock da cidade.

— Depois da estreia no Rio, fiz questão que Niterói fosse o primeiro destino da peça. Nesta cidade há uma autêntica resistência do rock, é o único lugar do estado em que acontecem festivais de música independente. A Rádio Fluminense deixou uma herança que é devidamente preservada. Por isso, é importante “Jim” vir para cá — explica o ator.

No espetáculo, ele vive um fã diante do túmulo de seu ídolo, pronto para uma espécie de acerto de contas. Leão contracena com a atriz Renata Guida, que interpreta uma mulher misteriosa.

Leão diz que seu amor por Jim Morrison é antigo. O que mais chamou sua atenção quando começou a ouvir as músicas dos Doors foi o estilo inquietante, questionador e anárquico do vocalista.

— Enquanto os Beatles pregavam “All you need is love”, Morrison dizia que a gente tinha é que acender o fogo. Ele estabeleceu uma ligação muito forte com a contracultura, que eu admiro muito. O despertar da juventude americana teve no The Doors uma de suas maiores inspirações. Suas letras são simbólicas e poéticas — comenta Leão.

Fazer o espetáculo é um sonho antigo do ator. Ele, que não conseguiu ver um show dos Doors com seu ídolo, diz que as músicas do grupo tiveram grande influência em sua formação. Leão se diz inquieto, e, graças a isso, conseguiu levar adiante o projeto de encenar “Jim”.

— Não tive a oportunidade de ver Morrison se apresentando, mas gosto de pensar que, de alguma forma, estou ressuscitando meu ídolo nos palcos. O amor que tenho por ele foi o que me motivou a fazer o espetáculo — afirma ele, empolgado.

A montagem de “Jim” não representa a estreia do ator no cenário musical. Aos 16 anos, ele montou a banda Desobediência Civil, que, como o nome sugere, seguia um estilo revoltado, influenciado pelos Doors, é claro.

— Ela tinha muito de contracultura, do Morrison e dos mestres que o inspiraram. Antes de ser um estilo de música, o rock’n’roll é uma atitude questionadora, algo que o grupo esbanjava — lembra o ator, acrescentando que, pouco tempo depois da formação da banda, mudou o visual por causa do pai. — Cheguei em casa como um verdadeiro punk e ele fez o mesmo no dia seguinte. Fiquei um tanto constrangido e acabei dando uma “diminuída”. Mas mantive os coturnos, os broches, a jaqueta e as camisas rasgadas, além da barba grande.

João, o filho do ator, parece ter o mesmo gosto musical. O menino de apenas 2 anos mostrou ao pai sua veia roqueira no período pré-carnaval.

— No começo do ano, eu estava decorando o samba da União da Ilha para não fazer feio na Sapucaí e ele me pediu para baixar o som. Aí, coloquei Eric Clapton para tocar. Era para fazer um teste, ver a reação do moleque. O semblante dele mudou completamente, ficou feliz — conta Leão, cheio de orgulho. — Mas João também adora MPB, tem curtido “Aquarela”, do Toquinho.